Hoje desenhei uma carruagem, uma parte do comboio que nos
transporta todos os dias, sem nos apercebermos, para os confins dos sonhos, no
momento em que fechamos os olhos à noite e nos desprendemos de tudo que não
importa.
Nessa carruagem desenhei um boneco, pintado a vermelho, uma
cor que não é de certeza a minha preferida, mas que transbordou automaticamente
na folha de papel.
Mal desenhei esse boneco solitário, um coração palpitante,
veloz, sonhador, começou a bater rapidamente, e com ele a carruagem andou
centímetros nessa folha de papel.
Não percebi porquê, eu tinha desenhado aquela carruagem no
canto da folha e de repente apareceu no meio da folha.
Olhei para baixo, e de repente encontrei a justificação,
encontrei um retrato de alguém, uns leves traços de um sorriso marcado,
retoques brilhantes da cor daquele rosto, um mundo encantador, diferente de
todos os outros, caracterizado pela simplicidade e pela perfeição, desenhado
através de duas estrelas únicas, brilhantes, de cor castanha que abriam a porta
desse mundo e encantavam aquela folha.
De repente desviei o olhar e vi a folha onde inicialmente desenhei
aquela carruagem, ficara branca, sem nada desenhado. O que aconteceu não sei, o tempo
ditou um fim aquela história, mas uma coisa eu sei, aquela carruagem nunca
ficou sem combustível, ia carregada de sonhos, de amor, de sentimentos
verdadeiros. Sei que mesmo encontrando montanhas, obstáculos, a carruagem lutou
até ao fim para poder chegar ao destino, aquele que tive o prazer de ver
desenhado, naquela folha de papel.
20 DEZ, 2016 0
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